Hino à Aurora - R̥gveda I.113
Um comentário antes de incluir a tradução: a pontuação é o caos, não usei maiúsculas porque ainda não fechei para mim mesmo onde começam e terminam as orações nem quem é divindade quem é coisa. Não tem métrica alguma, não faz jus ao original, mas para isso existe a tradução da Elizarenkova.
Ainda vai passar por mil revisões, daqui 20 anos vocês podem voltar.
Texto e tradução (capenga)⌗
idáṃ śréṣṭhaṃ jyótiṣāṃ jyótir ā́gāc citráḥ praketó ajaniṣṭa víbhvā |
yáthā prásūtā savitúḥ savā́yam̐ evā́ rā́trī uṣáse yónim āraik ||1||
eis que esta mais bela luz das luzes chegou;
o luzente sinal nasceu com seu largo alcance.
tal como ela foi impelida pelo impulso de savitar,
a noite cedeu lugar no ventre para a aurora. ||1||
rúśadvatsā rúśatī śvetiyā́gād ā́raig u kr̥ṣṇā́ sádanāni asyāḥ |
samānábandhū amŕ̥te anūcī́ dyā́vā várṇaṃ carata āmināné ||2||
de ofuscante novilho a branca e ofuscante chegou,
por sua vez a negra cedeu os seus acentos para ela.
ambas compartilhando laços, imortais, se seguindo,
as duas abóbadas seguem trocando as cores. ||2||
samānó ádhvā svásaror anantás tám anyā́nyā carato deváśiṣṭe |
ná methete ná tasthatuḥ suméke náktoṣā́sā sámanasā vírūpe ||3||
a mesma estrada pertence a ambas irmãs, sem fim;
uma e outra seguem por ela instruídas pelo deus.
não se opõe uma à outra nem param embora firmes
a noite e aurora, concordes ainda que diversas. ||3||
bhã́svatī nayitrī́+ sūnŕ̥tānām áceti citrā́ ví dúro na āvaḥ |
prā́rpyā jágad ví u no rāyó akhyad uṣā́ ajīgar bhúvanāni víśvā ||4||
a cheia de luz, líder dos agrados, apareceu
e cintilante abriu para nós as portas.
instigou o mundo e encontrou-nos a riqueza
a aurora despertou todas as criaturas: ||4||
jihmaśíye cáritave maghónī ābhogáya iṣṭáye rāyá u tvam |
dabhrám páśyadbhya urviyā́ vicákṣa uṣā́ ajīgar bhúvanāni víśvā ||5||
magnânima, ao que jaz de costas para avançar,
para o proveito, o outro para buscar riqueza
e aos que veem pouco para divisar a amplitude
a aurora despertou todas as criaturas. ||5||
kṣatrā́ya tvaṃ śrávase tvam mahīyā́ iṣṭáye tvam ártham iva tvam ityaí |
vísadr̥śā jīvitā́bhipracákṣa uṣā́ ajīgar bhúvanāni víśvā ||6||
um para o domínio, um para a glória, um para a grandeza
outro para ir em direção a qual seja seu objetivo,
para que se observe os distintos modos de viver
a aurora despertou todas as criaturas. ||6||
eṣā́ divó duhitā́ práty adarśi viuchántī yuvatíḥ śukrávāsāḥ |
víśvasyéśānā pā́rthivasya vásva úṣo adyéhá subhage ví ucha ||7||
esta filha do céu apareceu a nossa frente
raiando amplamente, jovem, em vestes rútilas.
estando imbuída de todos os bens terrenos
aurora, aqui e agora, bem-dotada raie! ||7||
parāyatīnā́m ánu eti pā́tha āyatīnā́m prathamā́ śáśvatīnām |
viuchántī jīvám udīráyanti uṣā́ mr̥táṃ káṃ caná bodháyantī ||8||
ela vai seguindo o rebanho das que vão embora,
das que se aproximam de novo e de novo a primeira.
ao que ampla ela raiou, animou os seres vivos
a aurora sem nenhum morto fazer despertar. ||8||
úṣo yád agníṃ samídhe cakártha ví yád ā́vaś cákṣasā sū́riyasya |
yán mā́nuṣān yakṣyámāṇām̐ ájīgas tád devéṣu cakr̥ṣe bhadrám ápnaḥ ||9||
aurora, quando fizeste acender o fogo,
quando ampla raiaste com o olho do sol,
quando homens prontos para sacrifício acordaste,
fizestes para si entre os deuses distinta posse. ||9||
kíyāti ā́ yát samáyā bhávāti yā́ viūṣúr yā́ś ca nūnáṃ viuchā́n |
ánu pū́rvāḥ kr̥pate vāvaśānā́ pradī́dhyānā jóṣam anyā́bhir eti ||10||
em que ponto ela estará no meio do caminho
das que amplas raiaram e às que agora raiarão?
mugindo, às predecessoras sente falta,
mas assertiva vai com as outras ao prazer. ||10||
īyúṣ ṭé yé pū́rvatarām ápaśyan viuchántīm uṣásam mártiyāsaḥ |
asmā́bhir ū nú praticákṣiyābhūd ó té yanti yé aparī́ṣu páśyān ||11||
foram embora os de outrora que viram
as auroras que amplas raiaram; foram-se, mortais
eis que agora por nós uma há para ser mirada,
e eis os que vêm para no futuro a ver. ||11||
yāvayáddveṣā r̥tapā́ r̥tejā́ḥ sumnāvárī sūnŕ̥tā īráyantī |
sumaṅgalī́r bíbhratī devávītim ihā́dyóṣaḥ śréṣṭhatamā ví ucha ||12||
afasta-inimigos, guarda-verdade, nascida na verdade
graciosa, impelindo os agrados,
auspiciosa, carregando a busca pelos deuses
aqui e agora, aurora, raia ampla, esplêndida. ||12||*
(tradução realmente precária aqui)
śáśvat puróṣā́ ví uvāsa devī́ átho adyédáṃ ví āvo maghónī |
átho ví uchād úttarām̐ ánu dyū́n ajárāmŕ̥tā carati svadhā́bhiḥ ||13||
de novo e de novo outrora raiou ampla a deusa
e hoje ampla ela raiou de novo aqui, magnânima.
e ela há de raiar ampla de novo em dias futuros
invariável e imortal ela segue em seus modos. ||13||
ví añjíbhir divá ā́tāsu adyaud ápa kr̥ṣṇā́ṃ nirṇíjaṃ devī́ āvaḥ |
prabodháyantī aruṇébhir áśvair ā́ uṣā́ yāti suyújā ráthena ||14||
com ornamentos às portas do céu ela luziu
a deusa afastou para longe o véu negro.
fazendo despertar com cavalos vermelhos,
a aurora vem aqui em carruagem bem acabada. ||14||
āváhantī póṣiyā vā́riyāṇi citráṃ ketúṃ kr̥ṇute cékitānā |
īyúṣīṇām upamā́ śáśvatīnāṃ vibhātīnā́m prathamóṣā́ ví aśvait ||15||
trazendo para cá as preciosas riquezas,
o sinal brilhante ela se fez ao aparecer
das que foram uma depois da outra a última,
a primeira das que hora raiam: a aurora alvoreceu.
úd īrdhuvaṃ jīvó ásur na ā́gād ápa prā́gāt táma ā́ jyótir eti |
ā́raik pánthāṃ yā́tave sū́riyāya áganma yátra pratiránta ā́yuḥ ||16||
levantai-vos! a força vivente veio a nós.
para longe foi a escuridão, chegou a luz!
ela deixou um caminho para o sol passar,
nós viemos aqui onde eles alongam a vida.
syū́manā vācá úd iyarti váhni stávāno rebhá uṣáso vibhātī́ḥ |
adyā́ tád ucha gr̥ṇaté maghoni asmé ā́yur ní didīhi prajā́vat ||17||
com rédeas de palavras, o condutor as excita;
o recitador louvado, as auroras que amplas raiam.
brilha então hoje, magnânima, para o cantor,
ilumina-nos uma vida cheia de descendentes.
yā́ gómatīr uṣásaḥ sárvavīrā viuchánti dāśúṣe mártiyāya |
vāyór iva sūnŕ̥tānām udarké tā́ aśvadā́ aśnavat somasútvā ||18||
às auroras que com vacas e com varões fortes
raiam amplas para o mortal que é piedoso,
quando no ressoar das alegrias como de Vāyu,
alcance elas que dão cavalos ele que prensa o soma.
mātā́ devā́nām áditer ánīkaṃ yajñásya ketúr br̥hatī́ ví bhāhi |
praśastikŕ̥d bráhmaṇe no ví ucha ā́ no jáne janaya viśvavāre ||19||
a mãe dos deuses, o rosto de Aditi,
o sinal do sacrifício, imensa: ilumine tudo!
criadora de loas raia sobre a nossa recitação.
engendra-nos aqui entre as gentes, ó das riquezas.
yác citrám ápna uṣáso váhanti ījānā́ya śaśamānā́ya bhadrám |
tán no mitró váruṇo māmahantām áditiḥ síndhuḥ pr̥thivī́ utá dyaúḥo ||20||
o ganho brilhante que as auroras conduzem
para o sacrificante que obra, o auspício,
que ele nos concedam Mitra e Varuna,
Aditi, o Rio, a Terra e o Céu.